Fórum de jornais de bairro e mídias regionais discute futuro do setor
Participantes debatem e apresentam perspectivas para a comunicação local
Como o jornalismo de bairro vai enfrentar não só a crise econômica mas também a nova era digital que está revolucionando toda a mídia? Que fontes de recursos poderão garantir a preservação do acervo de décadas desses jornais, que reúnem histórias, relatos, documentos e imagens representativos da história recente da capital paulista? A publicidade oficial, ou seja, feita por órgãos públicos de diferentes níveis pode ser um dos recursos para garantir a sobrevivência desses órgãos e garantir, paralelamente, transparência na prestação de contas dessas instâncias?
Essas foram algumas das perguntas que permearam um debate importante no último sábado, dia 2 de dezembro promovido pela União Brasileira de Imprensa (UBI) como Fórum de Jornais de Bairro e Mídias Regionais.
O debate já acontecia mesmo antes da abertura oficial do evento, em um café da manhã patrocinado pelo McDonald’s, com produtos oferecidos das lojas McCafé da rede. Depois, a banda da Guarda Civil Metropolitana executou o hino nacional para início do evento, que aconteceu no auditório da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
O jornalista Pedro Nastri, um dos principais organizadores do evento e entusiasta da comunicação regionalizada na capital, foi o primeiro a falar, destacando que a história do jornalismo regionalizado na capital remonta ao século XIX, quando foi lançado o jornal O Braz.
Já Antonio Rosa Neto, mais conhecido por Toninho Rosa, da Dainet Multimídia e Comunicações – consultoria multiplataforma no segmento de Comunicação no Bras, destacou a importância da divisão mais justa e igualitária das verbas publicitárias, em especial nas atual fase de pulverização da informação. Ele aponta que, embora existam muito mais meios e a audiência esteja mais fragmentada, na atualidade, a destinação dos recursos continua concentrado nas mesmas empresas. Toninho também contribuiu com sugestões para que os jornais regionais diversifiquem sua atuação em novas plataformas e métodos de comunicação, como branded content.
O comandante geral da GCM, Adelson de Souza, destacou a importância de uma imprensa regionalizada forte. “Não temos espaço nas grandes empresas de mídia para falar do trabalho da GCM”, disse ele, exemplificando com o recente programa City Câmeras, da Prefeitura, que dependeria de mais divulgação para ampliar sua adesão por parte de moradores, instituições, empresas e comerciantes.
Representando a Associação Comercial de São Paulo, Antonio Souza afirmou que a imprensa regionalizada também tem importância para a divulgação de comércio em cada região de São Paulo e se colocou à disposição do setor para sediar ou promover novos debates e encontros sobre o tema.
A jornalista Ana Coluccio, representando a Associação dos Jornais e Revistas de Bairro de São Paulo, destacou o fato de que, embora cada bairro tenha sua particularidade e características específicas, a imprensa diária pouco diferencia ou destaca essas inúmeras realidades em sua atuação cotidiana. “A população nunca teve acesso aos grandes meios de comunicação. E isso que é censura, não a melhor distribuição das verbas”, disse ela, apontando para constantes queixas dos maiores conglomerados de comunicação, quando se fala em regulação econômica da mídia brasileira. E afirmou que com maior apoio e recursos publicitários dos órgãos públicos, os jornais poderão se modernizar, gerar empregos, ampliar sua presença online e alcance, estimulando a prática de cidadania da população. “Como contrapartida, os jornais garantem transparência nas ações dos órgãos públicos e facilitam o processo de prestação de contas à população”.
Moura Reis, decano do jornalismo brasileiro e diretor da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, apontou para a importância de preservar o acervo histórico dos jornais e sugeriu que os veículos procurem apoio do poder público também nesse sentido. Ele destacou o trabalho recente da Biblioteca Nacional que está digitalizando edições de décadas de vários jornais brasileiros que já não existem mais.
Representando órgãos públicos, estavam Rodrigo Luchiari, Comunicação Externa da Câmara Municipal de São Paulo, e Luciana Nogueira, coordenadora de publicidade da Prefeitura de São Paulo. Ambos reconheceram a importância de um jornalismo regional na cidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que destacaram a intenção de estabelecer planos de comunicação regulares, com critérios justos, transparentes e isentos na distribuição dos recursos.
O Fórum ainda teve o apoio da Rádio Trianon – programa Metrópole em Foco, Associação Comercial de São Paulo, Jornal Meio e Mensagem e Jornal Propaganda e Marketing.